Pra começo de conversa, dependendo da versão, o número de fadas muda! E às vezes nem são fadas, dá pra acreditar? Na versão dos irmãos Grimm, elas são treze "mulheres sábias", mas porque o rei só tinha doze pratos de ouro, convidou apenas doze fadas, deixando a décima terceira com inveja. Já na versão de Charles Perrault, são oito fadas, mas o rei só mandou fazer sete tronos de ouro porque pensou que a oitava fada estivesse morta ou enfeitiçada, já que era muito velha e nunca saía de sua torre. O ponto é: não existe Malévola mas sim uma fada brava com a mancada do rei.Entretanto, em todas as versões, inclusive na da Disney, a maldição é a mesma. Em todas elas a princesa, quando chegar aos 15 ou 16 anos, furará o dedo no fuso de uma roca e morrerá. E é aí que entra a diferença: uma última fada sempre salva o dia, dizendo que ela não vai morrer e sim dormir, mas por quanto tempo sempre difere. Na versão da Disney, o tempo é pouco, mas nas versões escritas é de 100 anos. Realmente, a última fada, a que reverteu a maldição, faz todo mundo dormir na parada pra que a princesa não se sinta sozinha quando acordar (depois de 100 anos!). O mais legal é o jeito que isso acontece: o rei manda um anão vestindo botas super-rápidas chamar a fada para que ela venha até o castelo, e a fada vem em uma carruagem de fogo puxada por dragões! Épico é pouco. A fada também convoca árvores, arbustos e espinhos para que protejam o castelo.
Entretanto, o rei e a rainha não dormem, e continuam reinando. Eles, obviamente, ao longos dos 100 anos, morrem e a linha do trono segue normalmente.No decorrer dos 100 anos, vários príncipes tentam entrar no castelo, mas todos morrem, porque o tempo determinado para que a princesa durma ainda não terminou. Passados os 100 anos, um príncipe de outro reino decide que quer descobrir qual é a do castelo há muito parado. Ele começa a perguntar a origem e cada um conta uma coisa pra ele, e ele nunca sabe qual é a verdadeira história. Eis que ele tenta entrar no castelo e, porque já se passaram os 100 anos da maldição, ele consegue. Fica encantado pela beleza da moça, dá um beijo de amor verdadeiro e faz com que ela volta a vida, junto com todo o reino que estava adormecido!. A história dos Irmãos Grimm realmente acaba por aqui, com algumas diferenças pontuais da história do Perrault. Mas o Perrault escreveu uma espécia de "parte dois" da Bela Adormecida, que consiste na história dos filhos da princesa.
Depois que o príncipe e a princesa casam, eles tem dois filhos: o Dia e a Aurora. O príncipe nunca contou isso para sua mãe, a rainha, porque ela descendia de uma família de ogros, e ele temia pela vida de seus filhos. Entretanto, o rei, pai do príncipe, morre, e ele tem que assumir o trono. É assim que ele faz um anúncio público de que é casado e leva os filhos e a mulher pra dentro de seu palácio. O príncipe então sai para uma guerra e deixa sua mulher e filhos aos cuidados da rainha.
A rainha manda a princesa e os filhos para um castelo no meio da floresta, para que os seus planos de ogro funcionassem melhor. Alguns dias depois, ela aparece no castelo e pede que preparem a Aurora, a primeira filha, para ela comer. O cozinheiro, muito esperto, esconde Aurora e cozinha um carneiro no lugar. No dia seguinte, a rainha pede para comer o Dia. Novamente, o cozinheiro o esconde. No terceiro dia, a rainha pede para comer a princesa, mulher do seu filho. A princesa pede para que o cozinheiro a cozinhe, porque não aguenta viver sem os filhos, mas ele também a salva, dizendo que seus filhos estão escondidos e escondendo-a. Um dia, entretanto, a rainha ouve a voz de Dia e Aurora, e percebendo ter sido enganada, manda cavarem uma cova no chão e enchê-la de serpentes, sapos e animais venenosos. Quando ela vai jogar a princesa, Dia e Aurora no buraco, o príncipe retorna da guerra. A rainha, com medo do que pudesse acontecer, se joga na cova ela mesma, e todos vivem "felizes para sempre".
Aurora espeta o dedo e dorme. O príncipe chega, estupra a garota e vai embora. Ela engravida e dá à luz, enquanto dorme. Na história de Giambattista Basile, a personagem
acorda apenas quando os bebês, famintos, chupam o seu dedo e retiram o linho enfiado na carne. Outra versão mais antiga da mesma história (contada por Robert Darnton) diz que Aurora acorda com os recém-nascidos comendo o corpo da própria mãe, de tanta fome.
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